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\n Doutora Rosa, da Clínica da Universidade Metodista de Angola, revela os desafios e as conquistas do atendimento gratuito aos estudantes e à comunidade, alerta sobre a prevenção da cólera e enfatiza a importância da empatia na formação dos futuros profissionais de saúde.\n
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\n Doutora Rosa, conte-nos um pouco sobre você. “Chamo-me Rosa Manuel. Sou formada em Medicina Geral por uma universidade estatal do país, tendo concluído minha graduação em 2015. Actualmente, estou finalizando a especialidade em Medicina Obstétrica e presto serviço nos hospitais públicos, além de actuar na Clínica da Universidade Metodista de Angola.”\n
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\n Como tem sido o trabalho e há quanto tempo está na clínica da Universidade?\n “Estou na clínica há cerca de 5 a 6 meses. Tem sido uma experiência boa e desafiadora, pois a maioria dos pacientes são estudantes, na faixa dos 18 aos 26 anos. Essa faixa etária traz muitas dúvidas, e quando procuram atendimento, desejam saber de tudo um pouco. As queixas mais comuns não são de doenças orgânicas propriamente ditas, mas de ansiedade – muitas vezes relacionada ao estresse de provas – e questões ginecológicas, como infecções do trato urinário, dores na bexiga e ao urinar. Temos uma adesão significativa, especialmente no atendimento às mulheres.”\n\n
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\n O que você acha da iniciativa da Universidade de abrir uma clínica gratuita para todos?\n “A iniciativa é louvável, pois demonstra o compromisso social da universidade. Ao abrir uma clínica-escola onde todas as consultas, exames e atendimentos, inclusive de psicologia, são gratuitos, a instituição não só beneficia os alunos, mas também a comunidade ao redor. É uma ferramenta importante para auxiliar o governo no combate às enfermidades endêmicas que assolam nosso país. Muitas pessoas desconhecem a existência da clínica ou erroneamente acreditam que há cobrança pelos serviços, mas tudo é disponibilizado sem custo. Essa divulgação é fundamental para que mais pessoas possam usufruir dos atendimentos, que abrangem desde a pediatria e medicina geral até o encaminhamento de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes.”\n
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\n Quanto à medicação, o atendimento também é gratuito?\n “Por enquanto, apenas as análises e consultas são gratuitas. A universidade está trabalhando para viabilizar a instalação de uma farmácia interna. No momento, entregamos as receitas aos pacientes, que devem adquirir os medicamentos nas farmácias mais próximas de suas residências.”\n
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\n Como você encara o fato de trabalhar em uma clínica de instituição acadêmica?\n “Trabalhar na clínica tem sido uma simbiose muito agradável. Além de ser uma clínica universitária, ela possui uma vertente religiosa, e, como metodista, sinto que unir o útil ao agradável é algo natural. Prestar atendimento tanto para a comunidade metodista da universidade quanto para os estudantes é uma experiência gratificante. Trabalhar com a comunidade é algo que sempre me motivou, e aqui, sinto-me em casa, feliz e comprometida com o desafio.”\n
\n O que você acredita que deve ser melhorado ou acrescentado na clínica?\n “Organizacionalmente, estamos muito bem, especialmente considerando que é uma iniciativa primária. Contudo, acredito que os próximos passos incluem a ampliação da clínica-escola para oferecer uma gama maior de serviços. Actualmente, temos limitações em áreas como estágios para estudantes, análises clínicas e enfermagem para casos de maior gravidade, uma vez que o foco está nos serviços primários. Pretendemos, por exemplo, ampliar a oferta de vacinação, que ainda é limitada, além de incorporar outros detalhes que, com o tempo, serão implementados.”\n
\n Recentemente, a cólera tem assolado o país. Poderia nos falar sobre essa doença e sua prevenção?\n “A cólera é um grande desafio de saúde, especialmente no bairro Paraíso, onde os indicadores de casos e óbitos têm aumentado. Essa doença é causada pelo vibricolério, uma bactéria que, ao entrar no organismo, produz toxinas que afectam o intestino, resultando em sintomas como diarreia aquosa e vômitos intensos. Essa rápida desidratação pode levar à falência de múltiplos órgãos e, em casos graves, à morte. Por isso, é fundamental tratar a cólera com urgência. Ao surgirem os primeiros sintomas, o paciente deve procurar imediatamente uma unidade hospitalar para realizar os exames necessários e confirmar o diagnóstico. O tratamento consiste na reidratação intensiva e no isolamento dos pacientes, para evitar a propagação da doença. Ressalto que a prevenção é ainda mais importante que o tratamento.”\n
\n Como podemos prevenir a cólera?\n “A prevenção passa por medidas simples: consumir apenas alimentos limpos e bem lavados, cozinhar corretamente frutas e verduras, lavar as mãos após usar o banheiro e antes de se alimentar, e utilizar álcool em gel para desinfetar as mãos. É fundamental também manter o ambiente limpo e eliminar o acúmulo de lixo, que pode contaminar a água e propiciar a proliferação da bactéria.”\n
\n Para encerrar, qual conselho você daria aos estudantes de saúde da Universidade Metodista?\n “Aos colegas de enfermagem e demais áreas da saúde, meu conselho é que exercitem a empatia e a humanização em cada atendimento. A saúde, quando praticada com amor, torna-se ainda mais bela. O curso pode ser desafiador, mas quem trabalha com paixão não se cansa. Estamos aqui para apoiar e orientar; por isso, qualquer dúvida, os estudantes podem sempre nos procurar. Sejam fortes e continuem dedicados, pois o caminho na área da saúde é árduo, mas extremamente gratificante.”\n
Muito obrigada.\n
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